domingo, 24 de abril de 2011

Num desses encontros casuais

Eles caminham juntos, lado a lado. O relógio marca 21h20. É sábado e a noite tem algumas estrelas no céu. Sorrisos em ambos os rostos. Aquela cena era estranha. Um tanto casual, talvez histórica.

Escolhem uma mesa dentro do barzinho. A música tocada ao vivo, confluência de ritmos, embala a canção que toca no peito. Profunda e cheia de notas. A conversa é interrompida pelo primeiro pedido: "Uma Piña Colada. E uma Coca-Cola para ela, por favor". Mais uma troca de sorrisos, um quê de vergonha paira no ar.

Ele fala sobre o momento profissional, conta a grande fase em que se encontra. Pausas. Brincadeiras. Os olhares se cruzam. A harmonia entre eles é profunda. Brilho ofuscante. Em meio a tudo isso, as mãos dela tomam conta do braço do rapaz. Deja vu. Torrente de emoções.

- Vou pedir uma cerveja. Você toma comigo? - pergunta ele.
- Claro, pode pedir - responde a garota.

"Amigo, me vê uma Original, por favor", mais uma interrupção no clima harmônico.

A conversa presencia rumos alternados. De acontecimentos profissionais a lembranças. Memória e história se confundem neste momento. O que ficou para trás? Após dois anos, um reencontro. Simples e ocasional. Expectativa ganha tamanha intensidade. Até parece o que aconteceu há tempos. Estariam o garoto e aquela menina delirando? Não, tudo era real.

Um impulso. Não aguentando mais, ele se inclinou. Levemente entrelaçou seus lábios nos da garota. Repetiram. Deja vu. Fluxo de emoções, reflexões. "Ah, o que está acontecendo", pensou ele. Não era um devaneio, muito menos sonho. A realidade ganhava contornos inesperados.

Discursos apaixonados. O ambiente também favorecia. De um lado, um casal. Do outro, mais dois. Curtiram o momento, cada instante. Por falar em tempo, esse impediu que os jovens aproveitassem noite adentro. Relógio imponente gritou pelo fim daquela cena.

Com beijos e abraços, prometeram a si mesmos mais encontros como aquele. Casual e inesquecível. Eles querem mais deja vus, assim ao acaso. Compromisso é uma recusa compartilhada. Experiências passadas ficaram para trás. Naquela noite gostosa de sábado, lembraram do que já foi com descontração. Aproveitaram o presente ao máximo. O futuro? Nada mais planejam. Talvez mais algumas saídas. Bem casuais...