domingo, 29 de janeiro de 2012

Na estrada com Kerouac

Nova York, década de 1940. Com sua escrita livre, Jack Kerouac convida para um mergulho. Ou melhor, para uma viagem estrada afora. O destino: Denver, no estado do Colorado, oeste norte-americano. Mais de cinquenta anos depois, seguimos a rota. Carona atrás de carona, acompanhamos aquele jovem e sonhador escritor. Sonhamos com ele, enfrentamos os perigos... Enfim, nos deixamos levar pela prosa gostosa e incansável, sem interrupções, parágrafos, muito menos capítulos. Nada melhor para uma tarde de domingo em casa.

Pausa para o almoço. Kerouac fica de lado por um tempo. Minutos depois volta com todo fervor. Páginas e mais páginas viradas de forma intensa. O tempo passa, a semana está perto de começar - na São Paulo de 2012. Na viagem, estamos cada vez mais próximos de Denver. E lá não há preocupação com uma nova semana. Vida de boemia, beirando à vagabundice. Já com menos de 20 dólares no bolso, o escritor louco pula de veículo em veículo. Sempre há espaço para aproveitarmos juntos a carona. 

Horas depois, talvez dias, a tão sonhada chegada no oeste americano. Estamos efusivos; ao mesmo tempo, cansados. Na rodoviária, sem ao menos uma moeda. Sem também alguma preocupação. Roupa surrada, poucos pertences, aquele escritor se hospeda na casa de um amigo. Começa, enfim, a perambular pela noite, cercado dos melhores amigos, de mulheres. Regado a uísque, cerveja e cigarros. 

Peço um tempo. Sem virar mais páginas, continuo a viagem - imaginação e fantasia. Toca João Bosco, o efeito relaxante e motivador. Após "Papel Machê", a leveza e magia de "O bêbado e o equilibrista". Um copo de café, puro e quentinho. Enquanto isso, Kerouac e seus parceiros curtem as loucuras nos bares e boates de Denver. Na década de 1950,  surge "On the road", fruto daquelas andanças e experiências do escritor americano. Rolos de papéis datilografados em meio a copos de café. Palavras escritas de uma só vez. 

A aventura ainda não terminou. Talvez, mais tarde, iremos novamente ao encontro de Kerouac, Neal Cassady e cia. E a viagem pelas ruas boêmias da capital de Colorado, nos anos 40, continuará. Agora mais um pouco de café. No final da noite, (imaginárias) doses de uísque e cerveja... 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Do outro lado da rua, o carro...

Mais de onze horas da noite. Ouvindo de Bob Marley a Móveis Coloniais de Acaju, observo o céu estrelado. Um mar azul-escuro, repleto de pontinhos brancos que aguçam a imaginação. A cena dá asas e o combustível necessários para inúmeras viagens. Não perco a oportunidade. Deixo a mente flutuar. Contemplo a lua brilhante. Na imensidão, ela é a protagonista. De sonhos e fantasias.

Caminho até o portão. É hora de divagar mais um pouco. Até que uma visão tira-me daquele passeio delirante. Não, não pode ser. Um carro está parado do outro lado da rua. Pequenino e vermelho escuro, parece dormir em um sono profundo. Suas luzes apagadas se confundem com o que aparentemente acontece em seu interior. Observo com atenção redobrada. Não vejo aquele ser balançar. Pelo contrário, ele hibernou. Limpo os óculos para ver se consigo enxergar algum movimento dentro do veículo. Nada. Só avisto luzes de celular vindas de lá, que acendem e apagam a todo o instante. É um sinal? Talvez.

A vontade que dava era de se transformar em uma mosca praticamente invisível. Sem barulho, aproveitar alguma brecha de janela aberta e assistir ao espetáculo de camarote. Como isso é impossível, só restaram a imaginação e, claro, a mente poluída. Afinal, o casal (se é que era mesmo, talvez fosse uma pessoa esperando alguém...) poderia estar no meio de uma DR. Vai saber. Mas que eu fiquei curioso, ahh! eu fiquei...




domingo, 1 de janeiro de 2012

Fantasia, imaginação e prazer - Feliz 2012!

Não se faz mais Réveillon como antigamente (falo como se já tivesse vivido séculos). Só senti falta da animação contagiante, do barulho ensurdecedor dos fogos, dos gritos gostosos de Feliz Ano Novo, da loucura extasiante. Chatice minha à parte, seja bem-vindo, 2012!

E eu, como de costume, estou contemplando a madrugada. À minha frente, uma taça de champanhe. Reflexões ganham forma. O enredo é perfeito: silêncio, dia quase clareando, brisa suave lá fora. A cada gole de champanhe, uma viagem. No intervalo entre o som das teclas enquanto digito, ouço ainda alguns fogos de artíficio retardatários. A tranquilidade toma conta do ambiente...

... Uma pausa. Com ela, a vontade de uma música. O som emana de "Buffalo Soldier", de Bob Marley. Cenário completo para os devaneios, que certamente atravessarão a manhã deste 1º de janeiro. Flutuando... Queria ter asas para acompanhá-los. São mais rápidos do que eu. Talvez os alcance em algum sonho, numa existência imaginária. Divagações e fantasias da madrugada. O leve prazer de criar e viajar que tornam a vida mais bem-vivida. Por isso, "live if you want to live", como disse Bob em "Positive Vibration. Bons sonhos! E um excelente 2012!