domingo, 20 de novembro de 2011

Efêmero: o tudo e o nada

Fico às vezes me perguntando: por que as madrugadas são tão convidativas? Elas nos atraem com seu silêncio confortador, o único barulho emana de nossos próprios pensamentos. Não ouvimos a agitação da cidade, o ruído de carros. Nada. Só nós mesmos. 

Enquanto o sono não vem, aquele bocejo gostoso que nos envolve, ficamos assim. A refletir, pensar, sonhar, imaginar. Junto com o som de nossas reflexões, uma música. A melodia suave penetra em nossa alma como o canto dos pássaros. Uma leveza incrível. 

No final do ano, momentos como esse são ainda mais interessantes. O que nos espera no Natal? Como será 2012? Em nossos pensamentos, um turbilhão de emoções, desejos e loucuras. Delírios na madrugada. Pena que tudo isso é efêmero. Lembro da poesia de Vinicius de Moraes:
Ora, um pássaro no vale
Cantou por um momento, outrora, mas
O vale escuta ainda envolto em paz
Para que a voz do pássaro não cale.
A efemeridade envolve tudo. E é nada ao mesmo tempo. O vazio. Assim como o silêncio, que é nada e às vezes nos preenche. Contradições. Devaneios que entoam a madrugada que avança. Ou caminha lentamente. Como diz Clarice Lispector, só nos resta cultuar a vida, porque "viver ultrapassa qualquer entendimento"... A beleza dos três pontinhos, margem para tudo, existência para algo que pode ser imaginado...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Puro ar de serenidade

Um vento gostoso bate no rosto. O sol escondido no céu nublado. Na rua, o calor humano. Roda, que gira e gira. A multidão segue a música. A Macumba Antropófaga começou. Sem poder participar de todo o ritual, curtimos o momento.

Delírio e devaneio. Sopro de êxtase. Ali no Centro, o Teatro Oficina pede espaço, invade aquele ambiente urbano. É contagiante. Rodeado de alegria, esquecemos de tudo. A Antropofagia toma conta. Ave, Oswald! Grande Tarsila! Na contemporaneidade, o gosto do modernismo. A experimentação. Um lugar ao sol.

A volta ao reduto. Sem a pulseira verde, é hora de partir. Imersos na onda fria da Pauliceia Desvairada, sentimos o vento roçar nossas peles. A intensidade nos une. O que fazer? Nada de voltar para casa. Um café para relaxar. Conversas e risadas, ritmos da alegria.

Sem medo do relógio. Deixa o tempo pra lá. No vão livre do Masp, a tranquilidade. Uma pausa para curtir. "E quase como um sonho bom, onde entreter também era brincar...". Mais um, por favor. Acendemos e rimos. A loucura da simplicidade. A sofisticação está nas coisas simples. Aproveitamos.

Uma música ganha vida. Marcelo Jeneci e sua "Felicidade". Puro ar de serenidade. Onde estava o frio? Àquela altura, nem sentia o vento gelado. Conversas e devaneios aqueciam. Sem mais. Aliás, com mais. Com alegria. E sem. Sem preocupações. É isso. A melhor coisa é não pensar em nada.

A lua brilha. Nuvens brancas, quase laranjas. Ou será outra cor? Sem pensar. E o feriado acabou. A madrugada caminha lentamente. Agora é hoje ou ontem, talvez amanhã. "Tão longe...", a música toca. O silêncio e só o barulho do teclado. O respiro também. Bom é terminar o texto sem fim, com reticências. Assim, ó...

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Máquina louca

"Lembrarás os dias que você deixou sem ver a luz". Sábio Marcelo Jeneci. O tempo é traiçoeiro. Companheiro por vezes. Uma verdadeira incógnita. Quanta lembrança. O que parecia tão atual virou as costas e deu tchau.

Onde estamos hoje? Quem somos neste instante? E no próximo, no seguinte? Tantos rostos, uns ficam, outros vão. Nem vimos, passaram mais alguns.

Passa tempo, tempo passa. Escorre como água entre os dedos. O que são três anos? Lembrarás os dias em que não viu a luz. É, passou. Máquina do tempo: um devaneio sonhador da humanidade. Mas sabe que vivemos em uma? Pense agora, já passou. Mais um pensamento deixado pra trás.

Por falar em tempo, a madrugada avança. Divagações caminham com ela. Ao som de jazz. Confusão de ideias. Passado, presente e futuro se misturam. Aliás, o que é futuro? Melhor é o verbo no futuro do pretérito.

O texto é libertador, encoraja. O que seria de mim sem ele? Um doido sem esperanças. (Um maldito pernilongo me distrai). Estávamos onde? Ah, sim. Minha loucura. Essa é perene. Sobre isso, falo outra hora. Pode demorar ou não. Depende da máquina também louca do tempo.

Quando isso que você lê foi publicado: hoje ou ontem? Já nem sei mais.

domingo, 26 de junho de 2011

Pausa urbana

Um sábado ensolarado, pós-feriado. Nas ruas da Pauliceia, pouca gente. Menos que o de costume. Na Avenida Paulista, turistas desfilam com sorrisos largos nos rostos e sotaque forte. Um trio arrisca o português enquanto espera na fila para comprar o ingresso no Masp. Uma cena típica. Logo na frente, o carinho entre pai e filho torna a espera da fila menos desagradável.

O elevador enche, grande parte para ver a videoexposição 6 bilhões de Outros. São quase 17h e o Masp fecha às 18h. Pouco tempo para muito conteúdo. Ok, a escolha do horário foi minha, tremendo idiota que sou. A revolta para por instantes enquanto pessoas, ou melhor, rostos de vários lugares contam sobre suas vidas por meio de gravações. Mandam mensagens de diversos locais no mundo, da Rússia à Etiópia. É uma mistura de nacionalidades.

Com olhar relaxado, observação mais que atenta, entramos nos corações daquelas pessoas. Rostos que trazem alegria, expressões de tristeza e até choro. Sentimentos alternados e espalhados pelo planeta inteiro.

Quando tudo parecia estar no começo, o aviso de um funcionário de que o expediente estava sendo encerrado. Penso que deveria ter ido mais cedo.

De volta à Odisseia paulistana, que abrigará hoje a Parada Gay por sinal, clamo por silêncio em meio ao barulho da cidade. É uma pausa diferente. Dispensa falas, não observação. Um olhar mais lento, que vê e enxerga. O ouvido que busca captar todos os sons possíveis, das buzinas dos carros ao caminhar das pessoas.

O vento roça a pele. Não é frio, só a sensação de estar vivo. Um chocolate quente reaquece e conforta. Foi a escolha ideal naquele início de noite. Os termômetros ambulantes na Paulista marcavam 10 graus. Um sorvete cairia muito bem àquela altura.

Para desanuviar pensamentos, o passeio despretencioso e sem rumo certo. O caminho definido ao longo da trajetória. Uma viagem sem hora marcada para voltar.

Ser flâneur por algumas horas é isso. Parar e olhar, esquecer das preocupações e sentir a vida. Escutar a conversa de duas pessoas, andar para todos os lados. Tocar a cidade e as ruas com os sentidos. Uma pausa para enxergar o que não é visto. E passar sem ser notado. Silenciar diante do caos ensurdecedor da metrópole. Para ver, entender e compreendê-la, nem que seja por algumas horas de um dia ensolarado e uma noite gelada.

domingo, 24 de abril de 2011

Num desses encontros casuais

Eles caminham juntos, lado a lado. O relógio marca 21h20. É sábado e a noite tem algumas estrelas no céu. Sorrisos em ambos os rostos. Aquela cena era estranha. Um tanto casual, talvez histórica.

Escolhem uma mesa dentro do barzinho. A música tocada ao vivo, confluência de ritmos, embala a canção que toca no peito. Profunda e cheia de notas. A conversa é interrompida pelo primeiro pedido: "Uma Piña Colada. E uma Coca-Cola para ela, por favor". Mais uma troca de sorrisos, um quê de vergonha paira no ar.

Ele fala sobre o momento profissional, conta a grande fase em que se encontra. Pausas. Brincadeiras. Os olhares se cruzam. A harmonia entre eles é profunda. Brilho ofuscante. Em meio a tudo isso, as mãos dela tomam conta do braço do rapaz. Deja vu. Torrente de emoções.

- Vou pedir uma cerveja. Você toma comigo? - pergunta ele.
- Claro, pode pedir - responde a garota.

"Amigo, me vê uma Original, por favor", mais uma interrupção no clima harmônico.

A conversa presencia rumos alternados. De acontecimentos profissionais a lembranças. Memória e história se confundem neste momento. O que ficou para trás? Após dois anos, um reencontro. Simples e ocasional. Expectativa ganha tamanha intensidade. Até parece o que aconteceu há tempos. Estariam o garoto e aquela menina delirando? Não, tudo era real.

Um impulso. Não aguentando mais, ele se inclinou. Levemente entrelaçou seus lábios nos da garota. Repetiram. Deja vu. Fluxo de emoções, reflexões. "Ah, o que está acontecendo", pensou ele. Não era um devaneio, muito menos sonho. A realidade ganhava contornos inesperados.

Discursos apaixonados. O ambiente também favorecia. De um lado, um casal. Do outro, mais dois. Curtiram o momento, cada instante. Por falar em tempo, esse impediu que os jovens aproveitassem noite adentro. Relógio imponente gritou pelo fim daquela cena.

Com beijos e abraços, prometeram a si mesmos mais encontros como aquele. Casual e inesquecível. Eles querem mais deja vus, assim ao acaso. Compromisso é uma recusa compartilhada. Experiências passadas ficaram para trás. Naquela noite gostosa de sábado, lembraram do que já foi com descontração. Aproveitaram o presente ao máximo. O futuro? Nada mais planejam. Talvez mais algumas saídas. Bem casuais...

domingo, 6 de março de 2011

Uma viagem sem sair do lugar

São 4 horas da manhã de domingo, antevéspera da maior festa brasileira. A folia toma conta de todo o País. Em Salvador, trios elétricos movimentam milhares de pessoas pelas ruas. É o calor humano - mistura de raças e sotaques. No Anhembi, sintonia na avenida, coreografias, ritmos, sons e toadas. Correndo contra o tempo, brigando pelo título, agremiações desfilam ideias, criatividade e magia. Para delírio da plateia notívaga, louca por fortes emoções e adrenalina.

Enquanto alguns pulam e cantam no Sambódromo paulista, e outros mais dançam ao som baiano em torno de caminhões musicais, muitas pessoas dormem. Me poupo disso, afinal é Carnaval. Uma rima solta, jogada nessas linhas que escrevo sem sono. Lá fora, a escuridão soma-se ao silêncio. É irônico saber que a poucos metros, talvez quilômetros, o som ensurdece a região do Anhembi. A mim, sobra o canto do nada dizer, ausência de falas, ruídos e sons.

Talvez uma viagem resolvesse isso tudo. Uma loucura momentânea, experiência de horas. Delírio da madrugada, vontade instintiva de sair por aí. Sem rumo, nem documento. Sentir prazer, sangue na veia, calafrios pelo corpo. Quando penso que o sábado passou, sumiu, fugiu, virou poeira no vento que cala o silêncio da noite, só me descrevo em uma palavra: desanimado. Sofro pelo domingo que está aí, iniciando firme e forte. Não, não é um domingo qualquer, penso eu. Uma saída melhoraria qualquer sombra de tristeza em mais um dia que promete ser cinzento. O nublado me entristece, seca minha boca, traz consigo angústia ao meu coração.

Queria ficar acordado para desfrutar do dia que começa. Ao máximo. Prazer ilimitado. Sensações mil, adrenalina multiplicada pelo maior valor que existir. Se é que existe, dizem que os números são infinitos. São com eles que contamos o tempo, amigo fiel em alguns momentos; pobre traidor em outros. Longe de mim querer dominar o que foi denominado como relativo. Mas bem que ele poderia parar por instantes. O domingo, a segunda e terça poderiam ter, sei lá, 40 horas cada um. Seria o suficiente para me preencher. Ou não.

Ainda nesta noite parcialmente fria, calada - sombria, por que não? -, sou tomado por uma consciência estranha. Meus dedos fluem no teclado ao mesmo tempo em que um pernilongo se aproxima. Delírio ou realidade? Não consigo mais distinguir. Queria que alguns devaneios fossem reais. Ficaria feliz também se alguns fatos fossem delírios, meras ilusões. Como se eu pudesse comandá-los, à força de uma vontade que não está dentro de mim.

Coloco uma música, evito ligar novamente a televisão. Cansei de alegorias, mestres-salas e porta-bandeiras, coreografias, baianas e bateria. Um som mais suave é melhor que isso tudo neste momento. Essa noite tão introvertida clama por reflexões. Nada filosofal, nem existencial. Pensamentos de planos, projetos para o domingo que logo mais contará com um céu claro, limpo e ensolarado. Ilusão, sonho? E se chover? Dane-se, preciso aproveitar ao menos um dia neste Carnaval. Vamos aos planos, começar uma viagem agora. Aqui, sentado, ouvindo sons variados. Buenos dias.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Não custa experimentar

Experimentar, viver momentos. Estar ali naquela situação única e inigualável. Ser e não ser ao mesmo tempo. Um tempo relativo, claro. Aventurar-se, correr riscos. Por quê? Para quê? A resposta é simples: puro prazer. Emoções à flor da pele. Adrenalina? Ah, sim, uma dose. Tudo isso vira lembrança, memória de um dia. Mais um para a contagem regressiva? Não, mais um dos melhores. Dos bem vividos e aproveitados.

Misto de loucura e tranquilidade. Uma reflexão em meio a sentimentos frenéticos. De volta à realidade, percebe-se que o tempo voa. Relógios, parem! Somente por instantes. Alguns momentos são inesquecíveis e não perecíveis ao tempo, fiel escudeiro em certas situações, inimigo em outras. Recordar é viver. Mas para relembrar, antes de tudo, é preciso saber viver. Não importa como, onde e quando, só saiba. Eis uma aventura, um dia, turbilhão de emoções. Sangue correndo na veia.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A arte de demitir profissionais da notícia

Nunca se ouviu tanto falar de crise do jornalismo impresso. Será que esse tipo de mídia tradicional está mesmo passando por um momento conturbado? Não há respostas prontas para um questionamento tão polêmico. Sobram opiniões, palpites e, como estamos lidando com jornalismo, dúvidas e mais dúvidas. Porém, dois exemplos recentes transformam ainda mais o assunto em pauta quente.

Nas últimas semanas, a demissão do repórter Aguirre Peixoto, do jornal baiano "A Tarde", provocou a ira de muitos jornalistas pelo Brasil inteiro. O profissional foi dispensado, e depois readmitido por conta da pressão de colegas que fizeram greve, após publicar uma reportagem crítica sobre empreiteiras que são parceiras comerciais do diário. O fato é que a saída do repórter tornou ainda mais evidente o que já era percebido: a profusão e intensificação do jornalismo publicitário, sustentado por anúncios e patrocinadores.

Nesse sentido, a notícia é tão somente um produto. As leis do mercado ganham força, empresários assumem o poder de verdadeiros conglomerados jornalísticos. Ok, isso não é um fenômeno atual. Assis Chateaubriand e Roberto Marinho que o digam. Ambos construíram impérios midiáticos, sucumbiram ao jornalismo empresarial, pautado pelo lucro. Num cenário selvagem como esse, existem vários Aguirres Peixoto espalhados pelo País. A maioria sem coragem suficiente para colocar em prática o que ele fez.

Outro caso, esse ainda mais recente, repercutiu pela imprensa nesta semana. O conceituado e tradicional Grupo Estado, que controla o jornal paulista "O Estado de S. Paulo" e o Portal Estadão.com, entre outros veículos, demitiu 22 funcionários. As dispensas ocorreram por conta de "corte de gastos", segundo explicou o diretor de conteúdo do Estadão, Ricardo Gandour, em entrevista ao Portal Imprensa. Contraditoriamente, meses atrás o mesmo veículo divulgou uma pesquisa que revelava o aumento de sua circulação.

Duas situações de demissão, casos diferentes. Mesmo assim, ambos refletem uma discussão sobre o futuro dos impressos. Exemplifico: a qualquer momento, uma matéria pode "cair". O que isso significa? Um novo anúncio deve estampar a página no lugar de uma reportagem. A consequência disso é, sem dúvida, a diminuição de um dos princípios básicos do jornalismo tradicional, a informação. Em contrapartida, o capital surge como elemento em situações como essa. E para gastar menos, o que fazer? Enxugar redações, é claro.

Dispensas de jornalistas e pressão de parceiros comerciais tornam ainda mais distante a prática do jornalismo puramente informativo e engajado. Na era do capitalismo, com a globalização a todo o vapor, as cifras interessam mais. E os profissionais da notícia, cada vez menos. É lamentável, afinal o dinheiro sozinho não produz os textos dos jornais. Atrás de máquinas, estão repórteres, editores. E, sobretudo, seres humanos que pensam em pautas e executam ideias.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Carro bate em poste e provoca apagão

Veículo colide com poste de iluminação e deixa ruas de bairro na zona norte sem luz na noite de domingo

O relógio marcava 22h20 no último domingo (06). Em uma rua próxima da Avenida Engenheiro Caetano Álvares, um carro aumentou a velocidade e, descontrolado, bateu de frente com um poste de iluminação. Imediatamente, o quarteirão de parte de um bairro na zona norte ficou sem luz. Alguns segundos depois, as luzes das ruas próximas acenderam novamente, apagando-se logo em seguida. A pane assustou os moradores da região, que saíram de suas casas desesperados em busca de informação do que havia ocorrido.

Por volta das 22h30, nas ruas sem iluminação, era observado o congestionamento de carros. E de pessoas. Vizinhos conversavam uns com os outros e trocavam as informações que tinham. Na rua onde aconteceu o incidente, os ocupantes do carro permaneciam estagnados. O susto tomou conta do motorista e do único passageiro que havia no veículo. De acordo com informações, eles não sofreram lesões físicas.

Minutos depois do ocorrido, a movimentação diminuía. As pessoas souberam que ninguém havia morrido. De alguns indivíduos, pude ouvir ainda algo assim: "Mas ninguém morreu, não é?". Como se a morte fosse o único elemento de um incidente ou uma batida de carro. Outros ainda reclamavam do apagão que os impediu de continuar certas atividades que realizavam, ou até mesmo não os deixou assistir ao jogo da seleção brasileira sub-20. E aquelas pessoas no carro, como estariam? Isso não preocupava muito os moradores.

Com o passar do tempo, via-se alguns indivíduos voltarem para suas casas, já sem esperança do retorno da energia elétrica no final da noite de domingo. "Ixi. A luz só volta amanhã. Até a Eletropaulo vir", comentavam. Outros eram mais otimistas: "Daqui a pouco, tudo volta ao normal", profetizavam. Naquele momento, as palavras da maioria dos moradores expressavam diversos sentimentos, da resignação à revolta.

Eletricidade: vivemos sem ela?

No entanto, poucos devem ter parado para pensar em algo importante. Como a energia elétrica é fundamental na atualidade. Após o apagão, as casas não só estavam na escuridão, como as pessoas não tinham acesso a nenhum equipamento eletrônico, obviamente. Restava à maioria telefones celulares, alguns já com a bateria próxima de descarregar.

O fato ocorrido mostrou o quão essencial é a eletricidade nas cidades, tornando o exemplo de proporções maiores. Basta lembrar do apagão que aconteceu recentemente no Nordeste brasileiro e deixou moradores sem luz. Outra situação semelhante ocorreu em 2009, quando estados da região Sudeste também ficaram sem iluminação por conta de uma pane no fornecimento de energia elétrica da usina de Itaipu.

Para fechar a noite

Quando boa parte dos moradores da região estava dormindo ou se preparando para descansar, os mais atentos ouviram um forte barulho. Descobri naquele mesmo instante, por volta das 0h30, que dois carros haviam se chocado, provocando um acidente em um cruzamento. Sem o auxílio dos faróis nas duas direções, ambos os veículos aceleraram e não conseguiram impedir o choque. De acordo com informações, os ocupantes dos carros não sofreram ferimentos graves.

E assim terminou a noite de ontem, agitada para os moradores das ruas que cruzam a Engenheiro Caetano Álvares e a Avenida Casa Verde.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

It's friday!

Ele acorda às 7h toda manhã, mas hoje resolveu prolongar o sono. Nada mais justo. Ou não. Quase 9h, pulou da cama, esticou os braços como não fazia há muito tempo. Alguns minutos depois, sintonizou na Band News FM. Na frequência, o colunista José Simão fazia suas piadinhas - para alguns, sem graça; para outros, provocadoras de gargalhadas.

Às 10h em ponto, estava pisando no chão do local de trabalho. Mas alegre e saltitante, afinal o final de semana se aproximava. Nas primeiras horas de serviço, nenhuma novidade. O futuro jornalista só não esperava por certos causos, se é que assim chamamos determinadas situações. Curiosas, de primeiro momento. Provocadoras de tensão, no minuto seguinte.

Quando tudo corria bem, o pânico tomou conta. Mãos esfriaram, o coração gelou. Afinal, o que houve? Nada de grave, uma pasta sumiu do computador. Sem preocupações, ok? Engana-se quem pensou assim. Os documentos contidos naquela bendita pasta desapareceram da rede! Caso não fossem encontrados, quase um ano de trabalho seria jogado no lixo. Porém, não estamos lidando com papeis, o que significa que aqueles arquivos tinham 0,01% de chances de serem recuperados. O que falei sobre a cara do sujeito: pânico, certo?

Naquele instante, o calor que entrava pela janela do 13º andar não aliviava o misto de fúria, tensão e tristeza. E o pior de tudo: a inconstante hora do almoço (ele almoçava em horários diferentes em cada dia) estava próxima. Bom, pelo menos a alimentação poderia trazer conforto à mente daquele indivíduo que se viu isolado em meio a uma sala com dez pessoas. Não, não. A comida passou seca pelo estômago. A cada instante em que olhava para o computador e observava a ausência da bendita (naquela altura, já tinha virado maldita) pasta, seu corpo parecia cada vez mais ser coberto por uma geleira.

Todos voltaram do período sagrado do almoço. O jovem resolveu fazer uma ligação que completaria um trabalho importante. Quando balbuciou as primeiras palavras ao telefone, ouviu vozes no fundo. Sua atenção voltou-se para o que ocorria ao redor. Pediu desculpas ao rapaz com quem falava e disse que ligaria após alguns instantes. Com um misto de raiva e alegria, colocou o telefone no gancho. Mas, afinal, o que o sujeito ouviu? Adivinhem!

A pasta. Quando escutou falarem "A pasta do fulano está naquela pasta do cicrano", sentiu vontade de gritar. Sentiu desejo de pular. Porém, só riu. E quase chorou. Quis sair correndo, não conseguiu. Só pôde comemorar e, sim, voltar ao trabalho. Retomar a ligação que teve de desligar por conta daquele fato incrível. Talvez ele até fosse veiculado no portal de notícias mais atualizado, aqueles em que "sobem" notícias numa fração de minutos.

Por falar em notícias, o jovem futuro jornalista ainda ganharia o dia. Sua sexta-feira seria contornada por um acontecimento memorável. Não, ele não ficou sabendo sobre outro desaparecimento de pasta virtual. Somente conquistou uma entrevista para um grande veículo paulistano. E o frio? Sumiu por completo. Precisou até ligar o ar condicionado da sala para aliviar o calor que sentiu ao conseguir tal feito. Contou para todo mundo, exerceu seu lado jornalista mais louco e estranho, talvez o mais normal: a mania de sair divulgando por aí uma informação.

E quando o relógio marcava 17h45, fechou o dia. Efusivamente, deixou o local de trabalho, com a missão diária cumprida. Aliás, mais que cumprida. Numa sexta-feira doida, experimentou de tudo: do gelo presente no nervosismo ao calor da emoção positiva. Correu para casa. Só faltou gritar, com toda força possível: It's friday! Foi a primeira frase que disse (e escreveu) ao começar o dia. E que dia!