quarta-feira, 21 de abril de 2010

Uma longa viagem

Para a maioria das pessoas viajar é trocar de posição de um determinado espaço para outro, em um intervalo de tempo, certo? No entanto, viajar é muito mais que isso.

Viajar é criar asas, ruflar por aí, em um espaço não-físico. Viajar é sonhar, se jogar em lugares que você nunca visitou pessoalmente, mas que ficam na memória.

Viajar é interpretar o mundo de uma forma diferente, encarar o cotidiano com outros olhos. O ato de viajar não é tão simplesmente o deslocamento temporário de um lugar para outro, significa muito mais. Esse é o significante de viajar, pois o significado real (se é que posso criar uma realidade para uma palavra tão difícil de definir) é ser um flâneur pela cidade, aquele que observa atentamente o movimento diário.

Viajar é entrar em comunhão com as vozes imaginativas, é enxergar o belo da vida. Que belo? Tudo o que está à nossa volta: os pássaros (quase escassos), as árvores e, sobretudo, as pessoas. Enxergar as pessoas é olhá-las no sentido interrogativo. Compreender suas expressões, seus anseios.

Viajar é não fazer o comum, é buscar o inimaginável, o incompreensível. Viajar é buscar o "mundo das ideias" (parodiando o grande Platão, com sua filosofia dualista, misto de "mundo sensível" e "mundo das ideias"). Entrar no "mundo das ideias" não é para nós, seres mutáveis. Mas tentar compreender o incompreensível, buscar o inatingível nos mais simples gestos e atitudes é criar uma concepção totalmente diferente.

Viajar é, portanto, tudo o que falamos. E muito mais... A discussão sempre está aberta, não há verdade, somente interpretações (já dizia Nietzsche).

Neste momento (às 04h47) só me resta uma coisa: dormir. Dormir tão somente? Não! Dormir e sonhar, ou seja, viajar.

Para terminar, considero a vida também uma grande viagem. Portanto, simplesmente viaje!

2 comentários: